A MALDIÇÃO DA FAMÍLIA DE ÉDIPO (OBRAS E DOWNLOAD)

O mito de Édipo tem fascinado a humanidade ao longo do tempo e influenciado diversos ramos da ciência que os estudos de Sigmund Freud são o exemplo mais famoso. Mitologicamente, as obras que dizem respeito a este herói fazem parte do chamado Ciclo Tebano por se passarem na cidade de Tebas. Essa pólis, desde sua fundação, é principalmente conhecida a partir de autores romanos como o poeta Ovídio. No entanto as histórias de dos reis Penteu e Édipo são contadas pelos dramaturgos atenienses, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.

Falar de Tebas, é falar de um lugar que desde a sua origem foi marcada por acontecimentos funestos. Conheça a história quem envolve a família de Édipo como elas se inter-relacionam com a história da própria cidade.

A FUNDAÇÃO DE TEBAS

Tudo começa com Cadmo, um dos três filhos de Agenor, rei de Tiro, na margem oriental do Mediterrâneo. A irmã deles, a linda Europa, estava a brincar na praia quando foi raptada por Zeus, na forma de um touro, e conduzida até Creta. Agenor disse a seus filhos que encontrassem a irmã e que não voltassem sem ela.

No decorrer de suas aventuras, Cadmo chegou a Delfos, onde o oráculo o avisou que uma vaca o encontraria ao deixar o santuário; foi instruído a fundar uma cidade onde a vaca finalmente parasse. O animal o levou ao local da futura Tebas. Quando a vaca se deitou para repousar, Cadmo percebeu que este era o local para a sua cidade e decidiu sacrificá-la aos deuses.

Precisando de água, o herói mandou seus ajudantes buscá-la em uma fonte próxima, a Fonte de Ares. A lagoa da fonte, entretanto, estava guardada por uma ameaçadora serpente, que atacou e matou todos os homens de Cadmo. Quando Cadmo veio a procura destes, encontrou apenas fragmentos de membros e o grande monstro saciado.

Mesmo estando só e levemente armado, conseguiu subjugar a serpente e, a seguir, aconselhado por Atena, semeou os dentes do animal no solo. Deles surgiu um grupo de guerreiros, armados com espadas e lanças. Teriam aniquilado Cadmo, se ele não tivesse a ideia de lançar uma grande pedra no meio deles. Assim os soldados esqueléticos começaram a atacar uns aos outros, parando apenas quando restavam apenas cinco deles. Os cinco sobreviventes se juntaram a Cadmo e se tornaram os fundadores das cinco grandes famílias de Tebas.

Jacob Jordaens – Cadmos and Minerva

A PROSPERIDADE DA CIDADE E OS HERDEIROS DE CADMO

Tebas rapidamente se tornou rica e poderosa, e seu fundador prosperou com ela. Casou-se com Harmonia, a filha de Ares e Afrodite, e tiveram quatro filhas (Ino, Autônoe, Agave e Sêmele) e um filho, Polidoro.

Estes por sua vez também tiveram seus filhos que estão ligados a outras histórias míticas importantes. Autônoe era a mãe de Actéon, o grande caçador morto pelos seus próprios cães de caça quando Ártemis o transformou em veado como punição por tê-la visto nua. Já a linda Sêmele foi seduzida por Zeus e ficou grávida de seu filho, o deus do vinho Dioniso, mas acabou morta devido a um plano astuto de Hera.

A família de Sêmele se recusava a acreditar que Zeus fosse o responsável pela condição dela ou sua morte. À medida que o culto de Dioniso espalhou-se pela Grécia, ocorrendo com muito entusiasmo e pouca resistência, exceto em Tebas onde o primo de Dionisio, Penteu, filho de Agave, recusava-se a aceitá-lo e permitir suas manifestações religiosas.

TEBAS E O CULTO A DIONISO: O PROBLEMA DAS BACANTES

A característica principal do culto a Dionisio nos tempos clássicos era a formação de grupos de mulheres conhecidas como Mênades. Elas vagavam por dias a fio pelas áreas montanhosas, em um transe ou frenesi, ora bebendo vinho e alimentando filhotes de animais, ora despedaçando-os e comendo-os, encantando serpentes. De maneira geral se portando de maneira selvagem.

Devido a estes aspectos semelhantes a orgias e também pelos principais seguidores serem mulheres, a adoração de Dionisio era vista com desconfiança pelas autoridades masculinas, que gostavam de manter as mulheres em casa e sob o seu controle.

A tragédia de Eurípedes, As Bacantes, mostram um caso extremo de festividade de Dionisio e suspeitas masculinas. Nesta peça, o próprio Dionisio vem a Tebas, determinado a punir a família de sua mãe por sua falta de fé, tanto nas suas irmãs como nele próprio. As mulheres de Tebas, incluindo as irmãs de Sêmele, seguiram entusiasmadas o deus. No decorrer da festa, altos brados se erguiam do Monte Citéron devido as brincadeiras.

Penteu, o senhor de Tebas, considerava seu primo Dioniso, de longos cabelos e modos afeminados, com razoável desconfiança. Mas o deus, gradualmente, enlouquece-o e então ele confessa seu desejo de ir à montanha e espionar as Mênades.

Então, Dioniso levou Penteu até lá e, quando se aproximam das mulheres, os deuses curvam um alto pinheiro para o rei de Tebas se alojasse no topo e pudesse ver tudo que desejasse. Como era previsível, tornou-se um alvo fácil para as Mênades, que o derrubaram da árvore e o despedaçaram com as próprias mãos. Entre elas está, principalmente, Agave, a própria mãe de Penteu, que retorna triunfalmente a Tebas ostentando a cabeça do próprio filho, acreditando ser esta a cabeça de um jovem leão. Ao final da peça, acaba por perceber o que tinha feito, e todas admitem o poder do deus.

Édipo responde a charada da Esfinge

A HISTÓRIA DE LAIO, PAI DE ÉDIPO

Agora chegamos a geração de Laio (em grego Λάϊος), era filho de Lábdaco, rei de Tebas, e reinou na cidade logo depois de Anfíon e Zeto. Diz o mito que os deuses amaldiçoaram toda a família devido aos seus amores não naturais com Crisipo, filho de Pélops. Mais tarde, Laio então casado com Jocasta (Ἰοκάστη, em grego), evitava ter filhos, pois o Oráculo de Delfos havia revelado que ele seria morto por um filho seu. Mas Jocasta embebedou-o certa vez e, decorridos nove meses, Édipo (gr. Οἰδίπους) nasceu.

Horrorizado, Laio mandou matar a criança expondo de cabeça para baixo para servir de alimentos aos lobos, mas o servo sentindo pena do garoto, entregou-o a servos do rei de Corinto (ou de Sicion), Pólibo, que criou Édipo como um filho.

Já homem feito, Édipo encontrou-se acidentalmente com Laio em uma encruzilhada e, durante a luta que se seguiu a uma discussão, matou-o. Morto Laio, Creonte, irmão de Jocasta, assumiu provisoriamente o trono de Tebas. Até que chegou a Tebas, Édipo, o herói que matou a esfinge. Tantos esses acontecimentos como o futuro de Édipo são explorados com bastantes detalhes nas peças teatrais da Antiguidade Grega.

OBRAS DO CICLO TEBANO EM ORDEM CRONOLÓGICA PARA DOWNLOAD

A lista que se segue não enfoca somente um autor, mas as obras de variados autores que versaram sobre esse mito. A tentativa é fazer com que o leitor tenha uma sequência lógica dos acontecimentos trágicos motivados pela maldição familiar de Édipo. Clique no nome da obra para fazer o download!

  1. Édipo Rei – Obra do teatro de Sófocles que mostra a ascensão do herói e sua luta incessante contra o destino imposto pelos Deuses.
  2. As Fenícias –  Depois da revelação dos fatos trágicos acontecidos no reino de Tebas, Jocasta tenta chamar à razão Etéocles e Polinices, filhos dela e de Édipo, pois as opiniões dos irmãos divergem e eles ameaçam castigar o Estado e a família com uma guerra fratricida. Esta obra de Eurípedes tem um caráter muito mais feminino que as demais.
  3. Édipo em Colono – O antigo herói, agora cego e mais sábio, é interpelado por suas filhas a fim de evitar o embate entre os irmãos Etéocles e Polinices. Mas cumpre a cada um o destino que lhes foi imposto como demonstra Sófocles nesta peça.
  4. Os Sete Contra Tebas Obra fundamental do teatro de Ésquilo mostra o embate entre os filhos de Édipo pelo controle de Tebas destinados desde sempre ao fratricídio.
  5. Antígona – A filha de Édipo tende interceder junto ao tio pelo enterro digno do irmão que atentou contra o estado e irá sacrificar até seu amor conjugal nesta empreitada. Sófocles revela-se, nesta obra, como a grande fonte de Shakespeare e seu teatro.

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